terça-feira, 11 de novembro de 2008

O Som

1. O que é?

Murray Schafer, compositor e educador canadense, parafraseando o pintor Paul Klee, dizia que uma melodia é como levar um som para passear. Apesar da singeleza metafórica ser de extremo bom gosto e se constituir em excelente caminho didático não reflete a realidade do fenômeno sonoro.

Um som não é algo que se movimenta; é a percepção da movimentação de algo.

Provavelmente você já assistiu a algum filme em que naves espaciais travam combates tecnológicos em espaços estelares vazios de ar e isentos de gravidade. Talvez você tenha dado sorte de assistir a algum desses filmes em que as armas são disparadas, naves explodem sem se transformarem em bolas de fogo e você, no cinema ou na poltrona de sua casa, situado pela câmera dentro de uma das naves, vê tudo, mas não escuta nada. Talvez você tenha começado, nesse momento, a aprender alguma coisa sobre o som: se não há meio de propagação (no caso das naves espaciais, entr elas não há o ar), não há som. Da mesma forma que, se não há oxigênio, não há fogo. Portanto, em uma situação Jedai como essa você não escutaria o som das explosões.

Mas o que significa tudo isso? Um som é uma percepção.......não escutamos no vácuo estelar...Para compreendermos o fenômeno a que chamamos som podemos começar com pequenas observações: quando ouvimos algo, sabemos que o que ouvimos tem uma fonte, cuja direção nossos ouvidos são capazes de identificar com maior ou menor precisão. Sabemos então que o que ouvimos não se origina em um lugar qualquer ou em todo o lugar. Sabemos também que um estouro de rojão não é identificado por um surdo e, portanto, o que para uns é som, para outros não é. Já vimos anteriormente que se não há ar entre nós e a fonte do fenômeno não ouvimos e, portanto, não há som para nós.

Assim, podemos concluir que, para que se manifeste o fenômeno sonoro ou seja o som, devemos ter:

a) Uma fonte na qual se origina;
b) Um meio material de propagação;
c) Um receptor.


2. Como acontece o com?

Tomemos como exemplo um sino: quando se provoca uma vibração no sino, o choque entre o badalo e o corpo do sino provoca neste uma vibração que é transmitida para as moléculas de ar ao redor. Estas, numa reação em cadeia, atingem o corpo humano e, no ouvido, são recebidas de forma especial. O desenho é resumido pois a propagação das ondas se dá a trezentos e sessenta graus, esfericamente (imagine uma bola de sabão crescendo enquanto sopramos o canudinho).

Ao chegarem ao seu ouvido as moléculas vibrantes provocam uma vibração de mesma velocidade no tímpano, aquela pequena membrana que funciona como portal do seu sistema auditivo. A partir desse ponto, ainda por uma reação em cadeia, as vibrações do tímpano se transmitem ouvido adentro até que, mais uma vez sob o dedo mágico da natureza, essas vibrações mecânicas transformam-se em impulsos elétricos e chegam ao cérebro e, aí, somente aí, ouvimos. Além disso, ouvimos apenas vibrações acima de 20 e abaixo de 20.000 por segundo! Vibrações abaixo de 20 chamamos infra-sons e acima de 20.000, ultra-sons.

Assim, podemos dizer que, para que se configure o fenômeno sonoro, precisamos ter uma FONTE VIBRATÓRIA (instrumento, voz, turbina...); um MEIO MATERIAL DE PROPAGAÇÃO (ar, água, madeira...) e um RECEPTOR (sistema auditivo, sonar...)

3. Quais são as suas características básicas?

As vibrações produzidas por uma fonte sonora qualquer podem ser estáveis ou instáveis. As vibrações estáveis (freqüências) são aquelas que mantêm a mesma velocidade durante todo o tempo de vibração, produzindo aquilo que chamamos de som musical. O som musical, devido á estabilidade das vibrações, pode ser identificado e reconhecido pelo ouvido. Ao contrário, as vibrações instáveis não têm essa estabilidade e vibram em velocidades diferentes criando uma sensação de ruído, de instabilidade no que ouvimos. Exemplificando: se você ouve alguém tocando uma flauta, mesmo não conhecendo música pode observar que ela emite notas diferentes a cada momento e, dependendo de sua capacidade de memória auditiva, até mesmo identificar quando algumas delas se repetem ou mesmo reconhecê-las e dar nome a elas. Ao contrário, quando você ouve o som das ondas do mar, não consegue identificar quando um som é diferente do outro e nem mesmo onde começa um e termina outro. A mistura de velocidades de vibração é tão grande que ouvimos um espectro sonoro de uma infinidade de freqüências misturadas. Assim é com o som de motores, de trovão e diversos sons que aos nossos ouvidos soam como ruído.

O que nos interessa, no momento, é o estudo dos sons musicais, aqueles com os quais devemos lidar para tocarmos ou fazermos música. Os ruídos deixaremos para futuros estudos na área da Acústica e da Música Contemporânea.

a) Altura: como vimos nos parágrafos anteriores as fontes sonoras geram vibrações de freqüências diferentes. É essa diferença que nos permite identificar as diferentes notas musicais. Um objeto que vibre à velocidade de 440 ciclos por segundo (Hertz ou Hz) provocará em nossa mente a sensação específica que é o que chamamos de nota musical - no caso, a nota lá - enquanto que um objeto vibrando a 261 Hz, dará a sensação de uma nota diferente - dó. Dessa forma temos, para cada freqüência em especial, uma nota determinada, que será sempre identificada como ela mesma. Mesmo que não possamos identificar o nome da freqüência que ouvimos (lá ou dó), sabemos, ao ouvi-las, que são diferentes, ou, se repetidas (lá-lá ou dó-dó), que são as mesmas. A esse parâmetro acústico específico dos sons musicais chamamos altura. Portanto, um som de maior freqüência é um som mais alto (agudo) e um som de menor freqüência é um som mais baixo (grave). Repare que, em música, um som mais alto não é o que tem mais volume, como veremos em seguida, mas o que tem maior freqüência.

b) Duração: um fenômeno vibratório, por suas características físicas de dissipação de energia, tem um tempo limite de duração. Ou seja, um som não dura para sempre. Essa duração do som é manipulada pelo músico em função do tempo que ele quer que o som dure. Isso quer dizer que o músico define a duração da nota que ele toca interrompendo a vibração na fonte, através de simples parada no movimento ou de troca por outra nota, ou outro som.

c) Intensidade: uma fonte sonora qualquer, para vibrar, precisa de um impulso, seja ele manual, elétrico, ou qualquer outro. O fato é que, para que algo vibre, é preciso que uma força propulsora provoque a vibração no objeto. Portanto, quanto maior a força empregada na propulsão do objeto maior será a amplitude do movimento vibratório e maior volume de som obteremos. Assim, quando aumentamos o volume do som não o estamos tornando mais alto, como vimos acima, mas sim, mais intenso, forte. A medição de volume é feita em decibéis (dB).

d) Timbre: o que nos faz diferenciar um som de outro, ou o som de um instrumento musical de outro, está relacionado às características básicas de manifestação desse som, bem como à forma como ele se produz, ao tipo de material vibrante, ao tamanho e à forma do instrumento e a outras associadas.. Apesar de ser de difícil definição, o timbre é traduzido por alguns como a “cor do som”. Assim, temos timbres de flauta, de tímpanos, de violinos, de vozes e etc.

Essas características ou parâmetros acústicos do som são as informações que o músico transmite ao escrever sua música no pentagrama (partitura) para que o executante ou intérprete possa executar sua musica de forma correta. Isso significa que cada signo musical representa um desses quatro parâmetros ou alguns assoeiados. Quando inserimos uma figura musical em determinada linha ou espaço do pentagrama estamos informando a alugura e seu tempo de duração. Outros sinais localizados fora das linhas indicam o andamento (velocidade) e a dinâmica (variação de volume).

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